A tradição já não é o que era!


A tradição já não é o que era, tenho a certezinha absoluta disso, ir agora ao ginásio já não é sinónimo de estar inscrito na classe especial de Homens do Atlético Clube de Lisboa, agora ir ao ginásio é para praticar Schiwinn Cycling, Stretching entre outras parafrenálias que nem sabemos muito bem como apareceram nem o que são.

Aqui o Mocho farto de sedentarismos, achou que o melhor era mesmo fazer algum exercício e assim sendo, vai de se inscrever num desses ginásios supé modernos e mai não sei quê, cheios de estúdios que substituíram os velhinhos pavilhões com o seu cheiro característico e que até têm sauna e banho turco incluído…um chiquê portanto, são tão chiques tão chiques que até o pé de atleta se sente mal e acha ofensivo atacar o pézinho que tão elegantemente calça um chinelo da Speedo.

Mas pronto o Mocho, para que todos saibam convenceu-se que o melhor seria mesmo inscrever-se se quisesse evitar que as articulações se passassem a chamar Maria das Dores das Artroses.

Vai daí que depois de duas sessões do modernaço cardiofitness decidiu num belo Sábado de manhã experimentar super fashion Body Pump!!!!

A violência foi tal que me deixou KO durante 3 dias, aliás, os bracinhos mal conseguiam levantar a colherzinha da sopa feita especialmente para acamados.

Xiça penico foi cá um esticão que ainda tenho o corpo que mais parece que foi atropelado por uma Berliet.

E à conta do Power Jump, do Body Combat; do Kimax e do diabo a 4, dei por mim a esgravatar nas fotos de juventude onde eu, sim o Mocho, era um atleta em peras no que toca a ginástica desportiva.
E assim fui navegando pelas memórias da infância, até que dei por mim a recordar os livros da famosa Anita, e ALTO! Que até essa sócia evoluiu e adaptou-se à era moderna, ora aqui estão alguns exemplares da famosa colecção mas adaptada à realidade em que vivemos, passo a apresentar:

Exemplar dedicado aos jovens que ao inicio da noite já nem sabem o seu nome e que tratam o vomito e coma alcoólico por TU!


Escrito a pensar nos jovens mais radicais que não conseguem viver com o nível de adrenalina abaixo de determinada medida, jovens sedentos por terem um cartão de associados de uma qualquer entidade terrorista.

Ganda Maluca esta Anita!


Livro aconselhado para todas as jovens anorécticas, com dicas de como enganar os papás e estratégia de fugas clandestinas Não existem cá tabus para esta nova Anita, nada como sair fora do armário e afirmar que definitivamente o Lilás é a sua cor…a sua bandeira, assim mesmo é que é ó Anita pá!

Bem afinal, esta Anita surpreende tudo e todos, afinal esta Anita também é adepta de uma liberdade sexual sem precedentes, mas com alguns acidentes de percurso. Agora fiquei curioso com o que terá acontecido à amante professora de música...será tema certamente para uma nova edição.


Mesmo na versão francesa, também Anita sofre pelos esquecimentos que a impossibilitam de ter um noite de grande agitação...é a vida Anita, é a vida.... A esta Anita ninfo nem o Além lhe escapa, aliás pode ver-se pela cara de aterrorizada dos fantasmas.
Nunca é tarde para a descoberta, afinal estamos sempre a tempo de aprender novas experiências...mas cá para mim, esta edição é um pouco mais do mesmo, depois dos livros anteriores o que será que a esta nova Anita ainda lhe falta aprender?????Falsa....!Pois é, como diz o outro, até os animaizinhos gostam!


Hummm aqui uma Anita na sua versão mais sadomaso...humm gosto desta Anita pá...e o cão vouyer que se cuide.
E por último este belo exemplar que fala do matrimónio, da felicidade, ou será de sexo com animais????

E pronto chega de Anitas, porque tá na hora do Reumongel e de 3 doses de Adalgur, até um dia destes, porque depois deste post do tamanho de um comboio fiquei também com as falanges doridas que era a única coisa que ainda tinham escapado aos malditos pesos do hiper mega, ultra modernaço...Body Pump.

And The Oscar goes to....

Andamos em marés de prémios da 7ª arte e os Oscars estão aí à porta. Atonement ou em português Expiação, é a história de um amor proibido que se destrói devido a um bilhete secreto, nas mãos de uma criança hiper imaginativa que culmina numa falsa acusação.

A história passa-se em Inglaterra decorre o ano de 1935, a família Tallis, vive numa típica casa Victorina cheia de criados e mordomias.

Um desenrolar de episódios dão lugar a uma infundada e grave acusação por parte de Briony a filha mais nova da família cuja imaginação fértil leva-a a acusar o filho da governanta da família de um crime que ele não cometeu.

O registo de que há atitudes que mudam o curso das nossas vidas para sempre, está bem patente neste brilhante filme de Joe Wright; a acusação da jovem Briony vai mudar para sempre as vidas da sua irmã Cecília e de Robbie que até então viviam um amor forte e proibido.

Atonement foi o grande vencedor dos Globos de Ouro bem como a estrela da noite dos prémios Bafta (British Academy of Film and Television Arts) em Inglaterra, e eu até sei bem porquê.

O nível de qualidade dramática, fotografia e banda sonora deste fabuloso filme só se iguala ao belíssimo The Piano de Jane Campion, que é para mim um dos melhores filmes do século XX.

Atonement inicia-se de forma tímida, e durante os primeiro trinta minutos parece ser um daqueles filmes que vai cair em esquecimento, mas rapidamente, o argumento toma conta das nossas emoções e logo percebemos que o Drama vai evoluindo até atingir o seu clímax quando o rosto da magnífica Vanessa Redgrave enche a tela do cinema com uma expressão única, do sofrimento de uma mulher que carrega consigo uma culpa do tamanho do Universo.

Dario Marianelli embeleza o filme com uma estrondosa banda sonora e Seamus McGarvey é o responsável pela magnífica fotografia.

Eu saí do cinema meio atordoado, sem perceber o jogo de emoções de que fui vitima, pois há muito tempo que um filme não me fazia sentir tão emocionado como este extraordinário Atonement/Expiação.

Para quem tiver curiosidade…let’s look at the trailer…aqui mesmo em baixo…disfrutem.


Fim do período Sabático

Entrámos no ano do Rato, dizem os chinocas que vai ser um ano em cheio, olha esperemos que sim, pois o início de 2008 aqui para Ocidente não tem sido muito famoso, pelo menos para mim, aliás à minha volta a coisa não anda lá muito encarrilhada, são os ricos a querer pisar os mais pobres sob a bandeira dos cifrões de quem mais tem e mais quer seja à custa de quem for, são os amigos a viverem a mesquinhez pobrezinha de quem não tem mais nada para fazer senão moer e torrar-nos a paciência.

Refugiei-me nas letras…nas poesias…peguei no meu poemário para 2008 e li o poema que o dia de hoje me oferecia:

O tigre trepando a montanha

Colhendo lotús em botão

A rapariga de Jade tocando flauta

Duas andorinhas um só coração

E assim assistimos aos ricos a serem cada vez mais ricos e os pobres a preencherem cada vez mais formulários que lhes dão direito ao rendimento xpto, se em troca encherem o país de criancinhas porque a natalidade tá baixa e o país precisa de apresentar números à Europa, provando que é um país cheio de gente nova mesmo que quase morram de fome e tenham de roubar para poder sobreviver, e daqui a uns anos temos um país que deixa de ser de Doutores e Engenheiros para um país de técnicos especializados na arte do gamar.

…e continuava assim o poema…

Como peixes expondo as guelras

Como peixes friccionando as escamas

Como peixes olhando-se nos olhos

Se entrelaçam os bichos-da-seda

Excelente! Sim senhor, esmaga-se a classe média, e passamos a ter os muito ricos com os seus grandes casarões e contas bancárias chorudas e os pobrezinhos com uma carradona de filhos com a boca transformada em fábricas de cáries, a viverem em bairros sociais em forma de caixotes de cores garridas com as paredes cheias de graffitis. Os rapazes, esses deslocam-se entre as portas dos cafés e os carros kitados a imitarem os mesmos que circulam numa Bronx, com a pura ilusão que aquilo é o poder e o status necessário que lhes confere o respeito e a força de vencer.

...

Duas borboletas em salto mortal

Procurando o bambu fragrante

Brinca na água um casal de patos

Nas empresas é ver os patrões a querer ter o poder de despedir sem dar cavaco, e os lambe botas a subir de escalão só porque alguém lhes deu a oportunidade de ocupar lugares para os quais não têm a mínima vocação e julgam que gerir pessoas é à conta do poder besta e desmedido sobre os outros, e nós vamos assistimos às actuações de quem enterra o próximo para que no momento seguinte seja a verdadeira vedeta de um Maxime quando na verdade são apenas coristas de uma revista à portuguesa com cheiro a mofo e carregadas de piadas politicas de muito mau gosto.

São os de vida cinzenta que de um momento para o outro se transformam e querem à força de um status novo mas já apodrecido, adquirido vamos lá saber como, a esconder o seu pé de chinelo, confundindo pato à milanesa com a pata aqui na mesa, esses não me enganam, mas magoam-me e irritam quando nos enfiam pelos olhos a dentro o sorriso hipócrita do anda Bobby que já enganámos outro. São os que em fracção de segundos dissertam sobre uma caixa de chumbos de pressão de ar convencidos que se trata de caviar beluga negro porque alguém lhes disse que é do mais jet set dizer que se gosta de ovas de peixe cruas.

Hoje na revolta do meu ego, aqui me sentei e decidi puxar a minha veia mais esquerdista que andava um pouco murcha, procurei no baú e reencontrei-me com Zeca Afonso, e ao som dos seus poemas deixei a ira sair e resolvi escrever este post antes que desse por mim a pedir ajuda ao Xô Bento XVI sob pena de ter algum amigo mais próximo a querer levar-me à força a uma urgência psiquiátrica antes que o governo também decida encerra-las.

Disparando flechas enquanto galopa

Um Homem nu, uma mulher nua

A conjunção do Sol e da Lua

Jorge Sousa Braga (1957) – A Ferida Aberta

PS: Amigo Donas este post é todo dedicado a ti, e tu sabes do que eu falo, e tu sabes que estamos contigo!

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