Na década dos anos 80 a sócia juntou-se ao finado Paião e grava esta pérola um ícone da filosofia lusa que ilustra bem o nosso sonho da exploração espacial, e claro não poderia haver mais ninguém que desse voz a esse hino, a nossa musa canta assim “O Senhor Extraterrestre" e nós por aqui tentamos dar sentido à letra, senão vejamos:
Vou contar-vos um história
foi pra mim uma vitória
nesta era espacial.
Ora aqui está a referência ao sonho luso da conquista espacial tuga.
Noutro dia estremeci
quando abri a porta e vi
um grandessíssimo ovni
pousado no meu quintal.
Esta bela estrofe de cariz profundo poético, dá-nos a conhecer e a confirmar por cândidas palavras que Amália era aficcionada pela ginjinha matinal, mais conhecida pelo povo de mata bicho.
Fui logo bater à porta,
veio uma figura torta,
eu disse: se não se importa poderia ir-se embora,
tenho esta roupa a secar e ainda se vai sujar
se essa coisa aí ficara deitar fumo pra fora.
Pois de facto veio a figura torta, sinal evidente de que já haveria um copito a mais, um descontrolo certamente nas medidas da manhã.
E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá o botãozinho e pôde contar-me então
que tinha sido multado por o terem apanhado
sem carta de condução.
Na sua atitude conservadora e ligada à tradição, Amalía apenas via a RTP, daí a alusão ao famoso Pi do extra terráqueo que mais não é do que o som de fim de emissão do canal 1, ora mexer no botãozinho é clara evidência que algúem se aproveitou de um momento de fraquesa da cantora e num momento de distracção mudou a tv para a TVI onde Manel Luis Goucha relatava histericamente uma história cómica/trágica de alguém que levou nas ventas uma multa gigante por excesso de tintol no bucho.
O senhor desculpe lá,
não quero passar por má,
pois você onde está
não me adianta nem me atrasa.
É evidente que não adianta nem atrasa porque certamente Amália confundiu o tanque da roupa com o ser extra terrestre.
O pior é que a vizinha
que parece que adivinha
quando vir que estou sozinha
com um estranho em minha casa.
Sua maluca hein…fantasiosa esta Amália…adiante
Mas já que está aí de pé
venha tomar um café,
faz-me pena, pois você
nem tem cara de ser mau
Primeiro medo da língua viperina da vizinha do segundo esquerdo, mas depois cheirou-lhe a festa e vai logo de convidar o sócio para um cafezinho e claro…a ginjinha.
e eu queria saber também
se na terra donde vem
não conhece lá ninguém
que me arranje bacalhau.
Mais uma referência à tradição lusa…o Bacalhau…de facto nos anos 80 houve uma crise no mercado do bicho, mas daí a querer explorar o Ser imaginário que agora tinha acabado de conhecer é demais.
E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho,
disse para me pôr a pau,
pois na terra donde vinha
nem há cheiro de sardinha
quanto mais de bacalhau.
Disse-me para me por a pau…ah pois é, está cá a parecer-me que, ou a Amália até ao fim da canção vai levar uma tampa ou o extra terrestre vai acabar por dizer que é gayzola
Conte agora novidades:
É casado? Tem saudades?
Já tem filhos? De que idades?
Só um? A quem é que sai?
Tem retratos com certeza,mostre lá? Ai que riqueza,
não é mesmo uma beleza,tão verdinho? sai ao pai.
Pronto a hipotese gayzola está posta de lado, mas já vai dizendo que tem uma carradona de bocas para alimentar, daí a história de que lá do seu sitio não há cheiro a sardinhas nem a bacalhau…su su abelhum.
Já está de chaves na mão?
Vai voltar pro avião?
Espere, que já ali estão umas sandes pra viagem
e vista também aquela camisinha de flanela
pra quando abrir a janela
não se constipar com a aragem.
Lá está, pegou na sande de coirato e na mini preta e dá de fuga como o bezuga não vá a sócia ter um desvario maior e saltar-lhe para cima e afinal ele…é apenas o tanque da roupa lá do quintal.
E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
e pôde-me então
dizer que quer que eu vá visitá-lo,
que acha graça quando eu falo
ou ao menos pra escrever.
E assim deu de frosques como o Robin dos Bosques, deixou à mão as gotas bem visíveis para os equilíbrios e tonturas da nossa diva
E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
só pra dizer: Deus lhe pague.
Eu dei-lhe um copo de vinho
e lá foi no seu caminho
que era um pouco em ziguezague.
Para quem foi multado por falta de documentos, fez a Amália muito bem em dar-lhe um copo de vinho, aqui uma clara alusão à prevenção rodoviária portuguesa e ao contributo da engorda da conta bancária do Estado...esta mulher pensava em tudo carago.
Aqui vos deixo então esta pérola da música portuguesa, cantada pela MAIOR artista de Portugal e só pela sua voz magnifica é que conseguimos manter a música a tocar porque a nossa saudosa Amália até PIMBA sabia cantar e bem…