Meu amor, meu amor
Meu corpo em movimento
Minha voz à procura
Do seu próprio lamento
Meu limão de amargura
Meu punhal a crescer;
Nós parámos o tempo
Não sabemos morrer
E nascemos nascemos
Do nosso entristecer.

Meu amor, meu amor
Meu pássaro cinzento
A chorar a lonjura
Do nosso afastamento.

Meu amor meu amor
Meu nó de sofrimento
Minha mó de ternura
Minha nau de tormento:
Este mar não tem cura
Este céu não tem ar
Nós parámos o vento
Não sabemos nadar
E morremos morremos
Devagar devagar

Ary dos Santos/Alain Oulman

Falésia Sombria Posted by Hello

Aí está Ela novamente, se não conhece aprenda agora a gostar sff

Foi, foi mesmo assim, esta semana num hipemercado da nossa cidade, entre os livros e as centenas de cds, comecei a ouvir algo indescritível, de uma beleza sem igual, de tal forma que transformou aquele canto, num local mágico, de culto a uma voz extraordinária… ali estava ela e o seu novo cd “Ulisses” que agora tocava numa aparelhagem de demonstração….

Formidável, é como posso designar o novo trabalho de Cristina Branco!!!!!

“Pronto, ela decidiu, está decidido. Para Crsitina Branco o fado já faz parte do passado. Ela já tinha, aliás, avisado antes. Que não era uma fadista, mas uma cantora. "Tout court". "Ulisses" sela a transição, já encetada no anterior "Sensus", do fado para a canção popular urbana. Não vale a pena sequer congeminar se, ao nível do substrato emocional, esta é ainda uma música marcada pelo fado. Não é. A emoção que atravessa "Ulisses", um álbum de viagens, não é exclusiva do fado mas a emoção que desde o início de uma carreira milimetricamente talhada, Cristina e o seu companheiro Custódio Castelo foram aos poucos e metodicamente abrindo e burilando. "Ulisses" confirma a excelência de uma voz e um eclectismo de estilo que já se adivinhavam.”, diz o jornal Público e muito bem.

Agora as notas da tristeza, mais uma vez o reconhecimento desta cantora veio de fora para cá dentro, estão a ver o fenómeno Mariza??? Exactamente aqui está a repetição da história, a prova disso está nas pesquisas que podem fazer com o nome da cantora… mas para vos poupar trabalho aqui têm de bandeja um site que fala de Cristina como se ela fosse prata da casa… é bem feito!!!!
http://cristina-branco.artistes.universalmusic.fr/

Aqui encontra-se biografia, clube de fans, (todos de nacionalidade extra portuguesa), discografia, etc….

Ah pois é meus amigos, já vai no seu 3º trabalho, aqui fica o nome de cada uma para ver se ganham juízo e se ao menos escutam, é verdade serão umas músicas melhores que outras, mas acreditem que vale a pena espreitar e escutar com muita atenção esta voz feminina que andamos a ignorar…. Não faz mal porque os franceses já tomaram atenção a Cristina Branco…. O CARAÇAS!!! Façam lá favor de descer à terra e subir novamente ao Céu ao som de pelo menos “Ulisses” e vão ver que não se arrependem.

Discografia

Descobridor
Sensus
Ulisses

PS: Só mais uma coisinha para nos envergonhar, se quiserem receber a newsletter com as novidades da artista é só pedir no site que vos indico, depois basta ler em francês todas as novidades de uma artista portuguesa concerteza!!!!!!!!


Cristina Branco "Ulisses" é obrigatório!!!! Posted by Hello

Ups rebentou o elástico!... Who cares? Posted by Hello

A amizade é um elástico que estica mas que também rebenta

Já aqui tanto se falou da amizade não já? Mas nunca é demais penso eu… agora poderia dizer aquelas frases de verdades de La Palisse, do tipo é a coisa mais preciosa do mundo, que a vida não faz sentido sem amizade… pois sim, já sabemos!

Bom mas na verdade, o que quero dizer é que as relações, sejam elas de amizade, de amor, de trabalho ou outras são como os elásticos, a única diferença é que dependendo das relações o elástico estica mais ou menos; pois é, mas em todos os casos ele rebenta sempre nas nossas mãos se o esticamos demasiado.

O confundir o pato à milanesa com a pata aqui na mesa às vezes resulta em disparate e do grande, é que na verdade devemos ser verdadeiros expressar os nossos sentimentos e até as discordâncias mas sempre com nível…tipo Paula Bobonne estão a ver… é a que educação é bonita e a malta gosta, ah pois é!!!!

Agora perguntas-me tu BLOG, “mas afinal devemos ou não ser directos?” Claro que sim, mas com classe, afinal de contas as “peixeiradas” despropositadas são de baixo nível e a histeria é algo raro, que já não se vê nem se usa, para além de que, já não provocam o efeito desejado, bom pelo menos à minha pessoa, já para não falar quando o comportamento é desajustado e sem sentido, ou seja quando a pata está na mesa…

E depois, depois entramos na idade de fazer os mínimos fretes possíveis e a sigla NHP (Não Há Paciência) ganha enfoque cada vez mais para cenas tristes.

Afinal esta conversa toda para quê? Afinal onde se encaixa este texto? É muito simples, todos nós devemos ter a capacidade de fechar os olhos a alguns comportamentos impróprios de quem nos rodeia e até mesmo mandar para trás das costas uma atitude mais infeliz de alguém que naquele dia achou que a sede de protagonismo tinha de ser saciada…tudo bem, tudo isso é muito certo, mas também, temos o direito de não levar com atitudes do mais infantil possível até porque NHP para essas atitudes. Sim somos livres de não termos paciência e sermos alvos de acusações de um ridículo sem tamanho e o pior é quando as ditas personagens se acham no esplendor da razão!!!! Aí é que o elástico estoira e depois, depois é uma chatice pois como sabem, mesmo que se dê um nó no elástico ele ficará para sempre enfraquecido.

Por isso, meu amigo BLOG, para mim as relações são como os elásticos apenas esticam até à medida certa, e cada pessoa é detentora de um elástico diferente, o truque está em saber até quanto o podemos esticar.

Chanson juste pour toi,
Chanson un peu triste je crois,
Trois temps de mots froissées,
Quelques notes et tous mes regrets,
Tous mes regrets de nous deux,
Sont au bout de mes doigts,
Comme do, ré, mi, fa, sol, la, si, do.
C'est une chanson d'amour fané,
Comme celle que tu fredonnais,
Trois fois rien de nos vies,
Trois fois rien comme cette mélodie,
Ce qu'il reste de nous deux,
Est au creux de ma voix,
Comme do, ré, mi, fa, sol, la, si, do.
C'est une chanson en souvenir
pour ne pas s'oublier sans rien dire
S'oublier sans rien dire
Posted by Hello

La Dernière Minute

Juste encore minute, juste encore minute,
Pour me faire une beauté ou pour une cigarette,
Juste encore minute, juste encore minute,
Pour un dernier frisson, ou pour un dernier geste,
Juste encore minute, juste encore minute,
Pour ranger les souvenirs avant le grand hiver,
Juste encore une minute... sans motif et sans but.

Puisque ma vie n'est rien, alors je la veux toute.
Tout entière, tout à fait et dans toutes ses déroutes,
Puisque ma vie n'est rien, alors j'en redemande,
Je veux qu'on m'en rajoute,
Soixante petites secondes pour ma dernière minute.

Tic tac tic tac tic tac

Não falei da banda sonora, mas é genial, é a música ao serviço da imagem!!!! Posted by Hello

Um filme para ver e pensar nas coisas simples

Sandy Edwards (Toni Collette), é uma ambiciosa geóloga, que de repente se vê na obrigação de acompanhar Hiromitsu (Gotaro Tsunashima), um reservado empresário japonês.

Na esperança de obter um acordo de negócios, ela aceita levá-lo numa visita ao remoto deserto de Pilbara, na Austrália. Naquela paisagem inóspita, estes dois estranhos diametralmente opostos, vão ter de confiar um no outro numa situação de vida ou de morte quando o carro onde viajam se atola num "Bunker" de areia no meio do nada, apenas o calor do dia e o frio da noite.

À medida que avançam no deserto, vão deixar aquilo que pensavam um do outro e de eles próprios para trás. O filme balança entre uma jornada transcultural, um drama emocional e uma belíssima e comovente história de amor, da realizadora Sue Brooks.

Lamechice? Pode ser; mas eu não desviei os olhos neste filme pequeno de duração, grande na mensagem. A prova que o amor não tem barreiras mora neste filme e mesmo as barreiras culturais são ultrapassadas, afinal vale a pena ter uma bela história de amor, mesmo quando é fugaz. Eu recomendo...recomenda-se




Praia de S. Jacinto Posted by Hello

Abensonhado Mia Couto

A CARTA

"A velha dobrou as pernas como se dobrasse os séculos. Ela sofria doença do chão, mais e de mais se deixando nos caídos. Amparava-se em poeiras, seria para se acostumar à cova, na subfície do mundo?

- Me leia a carta. Me entregava o papel marrotado, dobrado em mil sujidades. Era a Carta de seu filho, Ezequiel. Ele se longeara, de farda, cabelo no zero. A carta, ele a enviara fazia anos muito coçados. Sempre era a mesma, já eu lhe conhecia de memória, vírgula a vírgula.

- Outra vez, mamã Cacilda?

- Sim, maistravez.

Sentei o papel sob os olhos, fingi acarinhar o desenho das letras. Quase nem se viam, suadas que estavam. Dormiam sob o lenço de Cacilda, desde que chegara a guerra.

Essas letras cheiram a pólvora, me rodilham o coração. Era o dito da velha. Agora, passados os tempos, aquele papel era a única prova do seu Ezequiel. Parecia que só pelo escrito, sempre mais desbotado, seu filho acedia à existencia. Nas primeiras vezes eu até me procedia à leitura, traduzindo a autêntica versão do pequeno soldado.

Eram letras incertinhas, pareciam crianças saindo da formatura. Juntavam-se ali mais erros que palavras. O recheio nem era maior que o formato. Porque naquela escrita não havia nem linha de ternura. O soldado aprendera a guerra desaprendendo o amor? Em Ezequiel, morrera o filho para nascer o tropeiro?

Nas primeiras leituras, meu coração muito se apertava em inventadas dedicatórias aquela mãe. Enquanto lia, eu espreitava o rosto da idosa senhora, tentando escutar uma ruga de tristeza. Nada. A velha se imovia, como se tivesse saudade da morte. Seus olhos não mencionavam nenhuma dor. Eu tentava um alivio, desculpar o menino que não sobrevivera à farda.

Nem se entristenha, mamã Cacilda. Também, maneira como carregaram esse menino para a tropa! Sem camisa, sem mala, sem notícia. Atirado para os fundos do camião como se faz às encomendas sem endereço.

- Entenda, mamã Cacilda.

Mas ela já dormia, deitada em antiquíssima sombra. Ou mentia que Dormia, debruçada na varanda da alma? Fingia, a velha. Como o rio, num açude, se disfarça de lagoa. Depois, ela regressava às pálpebras, me apressava.

- Continua. Por que paraste?

Já não restava nada que ler. Era só o gorduroso gatafunho, despedida Sem nenhum beijo. Pode a carta de um saudoso filho terminar assim «unidade, trabalho, vigilância»? Mas a velha insistia, cismalhava. Eu que lesse, toda a gente sabe, as letras igualam as estrelas mesmo poucas são infinitas.

Eu lhe fosse paciente, pobre mãe, sem nenhuma escola. Foi então que passei a alongar aquela tinta, amolecendo as reais palavras. Inventava. Em cada leitura, uma nova carta surgia da velha missiva. E o Ezequiel, em minha imagináutica, ganhava os infindos modos de ser filho, homem com méritos para permanecer menino. Cacilda escutava num embalo, houvessem em minha voz ondas de um sepultado mar. Ela embarcava de visita a seu filho, tudo se passando na bondade de uma mentira. Diz-se na própria doideira dos vamos loucurando. Até, um dia, me trouxeram notícia. Ezequiel perdera, para sempre, a existencia.

Ele se desfechara em incógnitos matos, vitima dos bandos. A mãe nem suspeitava. Perguntei desconhecia-se o paradeiro dela. Ficasse eu atribuido de lhe entregar o escuro anúncio. Esperei. Nesse fim de tardinha, porém, mamã Cacilda não compareceu em minha casa. Assustei adivinhara ela o destino do Ezequiel? Quem conhece os poderes de uma mãe em exercicio de saudade? Decidi ir ao seu lugar. Parti ainda restavam manchas do poente. Cacilda cozinhava uns míseros grãos, ementa de passarinho.

- Senta, meu filho, fica servido, não custa dividir pobrezas.

Fui ficando, me compondo de coragem. Como podia eu deflagrar aquele luto? Comemos. Melhor fingimos comer. Faz conta é uma refeição, meu filho. Faz conta. Modo que eu vivo, fazendo de conta.

- E agora, diz porque vieste nesta minha casa?

Olhei o chão, o mundo escapava pelo fundo. Ela venceu o silêncio.

- Me vens ler o meu filho?

Acenei que sim. Aceitei o velho papel mas demorei a começar. Eu queria acertar os meus tons, evitando o emergir de alguma tremura. Finalmente, atravessei a escrita, ao avesso da verdade. Trouxe as novas do filho, seus consecutivos heroísmos. Ele, o mais bravo, mais bondoso, mais único. Como sempre, a mãe escutou em qualificado silêncio.

Às vezes, no colorir de um parágrafo, ela sorria sempre igual, esse meu filho. Eu me parabendizia, cumprida a missão do fingimento.

Me despedi, quase em alívio. Foi então, em derradeiro relance, que eu vi a velha mãe lançava a carta sobre a fogueira. Ao meu virar, ela emendou o gesto. O papel demorou um instante a ser mastigado pelo fogo. Nesse brevíssimo segundo, eu anotei a lágrima pingando sobre a esteira. Ela fingiu tirar um fumo do rosto, fez conta que metia a carta sob o lenço. Me voltei a despedir, fazendo de conta que aquele adeus era igual aos todos que já lhe concedera. "

Genial!!! É o que podemos dizer deste texto marcado por palavras bem inventadas de um léxico cheio de sentido como só Mia Couto sabe inventar

Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi director da Agência de Informação de Moçambique, da revista Tempo e do jornal Notícias de Maputo.Tornou-se nestes últimos anos um dos ficcionistas mais conhecidos das literaturas de língua portuguesa. O seu trabalho sobre a língua permite-lhe obter uma grande expressividade, por meio da qual comunica aos leitores todo o drama da vida em Moçambique após a independência.

Bibliografia
Vozes Anoitecidas
Cronicando
A Varanda do Frangipani
Raiz de Orvalho e Outros Poemas
Na Berma de Nenhuma Estrada e outros contos
O Gato e o Escuro
Mar me quer
A Chuva Pasmada
Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra
Contos do Nascer da Terra
Contos do Nascer da Terra
Cada Homem É Uma Raça
O Último Voo do Flamingo
Terra Sonâmbula
Estórias Abensonhadas
O Fio das Missangas


Estremoz de um Portugal escondido Posted by Hello

Literaturas e outras andanças

Hoje é dia de lembrar poetas; foi o que apeteceu escrever, a foto do Alentejo não remete para a Florbela, um dia destes talvez, hoje remete para alguém das ilhas, de São Miguel, mas que certamente ia gostar desta imagem de Estremoz. Hoje é dia de lembrar Natália de apelido Correia.

De personalidade desconcertante mas sempre numa dança acertada com as palavras, com o português. Nunca é demais lembrar que Natália deixou uma marca inconfundível e de uma beleza estonteante na nossa literatura. Por isso cá vai um pequeno poema que mostra a grandiosidade da poetisa ou da poeta como diz Margarida Faro, que aqui já citei se bem se lembram…

Saudade

Tem um xaile velhinho de soluços
E em golfadas de névoa canta o fado.
De apodrecidas naus atam-lhe os pulsos
Cordas que à luz içaram o irrevelado

Nos aluados olhos tem convulsos
Trapos de um rei em brumas enguiçado
E de sonhos astrais sangram expulsos
Seus gestos no umbral de um céu vedado

A perdição da coisa desejada
Por desmedida é sua roxa sina
A arder num cristal de castidade.

Dos confins do futuro enamorada
Dorme o tempo em seus braços de neblina.
Retráctil flor de ausência. É a Saudade.

Praça de Espanha Sevilha Posted by Hello

Ano novo, visual novo, coisas novas

Amigos pois cá estamos de cara lavada, cores novas e quiçá temas novos….

Depois de um período ausência média e com a reclamação de alguns curiosos destas andanças, cá está o mocho falante neste ano de 2005 que começa com a dança das cadeiras novamente!!!!! Pois é, a coisa em Fevereiro vão ser engraçada, mas adiante!

O ano já começou, eu no que me toca iniciei o novo com os nuestros hermanos, pois foi, e comecei logo com a pontinha de inveja da alegria de viver, já para não falar do seu orgulho nacional e do nível de vida que têm. Sim já lá vai o tempo em que íamos a Badajoz comprar caramelos e água-de-colónia de lavanda a preços de uva mijona.

Mas foi bom, porque na verdade acabamos por vir de espírito lavado e com um pouco mais de ânimo para enfrentar o que aí vem.


Para 2005 o mocho falante vai tentar não se atrasar tanto nas suas aparições aqui no blog, a ver vamos, até hasta la vista

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